7 ANOS DE TURBULÊNCIA

Seja bem vindo ao CAPÍTULO 2

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Belo Horizonte, segundo semestre de 2007, eu estava desempregado, fazendo uns bicos e, como a grana estava curta, me mudei para um pensionato.

 

Fiquei com o quarto mais barato. Um porão de uns 4m² sem janelas, com mofo por todos os lados e uma beliche. Deveriam ter uns 15 moradores ao todo. O meu aluguel era R$100 por mês. 

 

O que mais me recordo é de usar o banheiro compartilhado. Era com tijolo à vista, sem acabamento, sem box ou cortina e, sempre que alguém tomava banho, a água não descia direito e tínhamos que puxar com o rodo.

 

Lembro do chão ficar com uns 2 dedos de água e a sensação de imundice no local, porque o lixo ao lado da privada, cheio de papel higiênico usado pelos outros moradores, ficava em contato com aquela água.

 

Eu tomava banho de chinelo e tinha um profundo constrangimento por estar naquela situação. 

 

Após uns quatro meses morando naquele quartinho com as paredes bolorentas, eu desenvolvi um princípio de pneumonia e uma febre delirante de 41 graus.

 

Naqueles dias eu achei que iria morrer. Lembro de só pedir pra Deus não me deixar partir. Não tinha dinheiro para comprar um antibiótico – Azitromicina – que custava R$11 e foi um amigo da igreja que comprou pra mim.

 

Foi ali, deitado em uma cama, delirando de febre, que eu senti saudades da minha casa, dos meus pais, irmãs e amigos.  

 

“Se eu morrer aqui, estou longe de casa, longe de todo mundo.”  

 

E, com um dinheiro emprestado, comprei uma passagem de volta para Campo Grande.

 

Era uma alegria poder ter meu pai e minha mãe por perto novamente, de poder conversar com minhas irmãs, de ver meus amigos e…

 

Logo, eu decidi retomar a carreira de músico. Montei uma banda e comecei a tocar na noite campo grandense no início de 2008.

Alguns meses depois, em alguma dessas noites, eu conheci uma menina e, mesmo não tendo compatibilidade nenhuma, decidimos iniciar um namoro.

 

  • Ela gostava de sertanejo, eu de rock…
  • Ela frequentava um centro de umbanda, eu tinha valores cristãos…
  • Ela sonhava em ser funcionária pública, eu em ser empreendedor…
  • A mãe dela não gostava de mim, eu muito menos dela…

 

Enfim…todos os nossos valores eram incompatíveis. Hoje eu vejo com clareza como foi uma estupidez ter insistido naquilo tudo.

 

Mas calma…preste atenção, porque as coisas vão fazer total sentido. Lembre-se que tudo o que está sendo escrito aqui tem um propósito nessa história.

 

Em julho daquele ano, com poucos meses de namoro, discutindo com ela no telefone, eu capotei o carro…DELA.

NAQUELE DIA EU ME SENTI SEM CHÃO

Pobre…fodido…músico…sem futuro…

 

“Como vou arrumar dinheiro para isso?”

 

Sem saber o que fazer, ajoelhei e pedi a ajuda de Deus. Para encurtar essa passagem, voltei para a igreja, larguei a música e retomei meu emprego como vendedor, e todos na igreja me ajudaram vendendo uma rifa.

 

Juntei R$7.000 para arrumar o carro, ela começou a frequentar a igreja comigo e os pastores diziam que nós deveríamos nos casar.

 

Nosso namoro durou de 2008 a 2010 e foi um relacionamento extremamente turbulento. Nunca imaginei que eu viveria uma verdadeira desgraça como aquela. Chegamos a nos agredir fisicamente…ela avançava em mim, me unhava inteiro e eu revidava, enfurecido.

 

Meu pai sempre dizia para a minha mãe: 

 

“Essa menina não deveria se casar com o Fred, ela não o respeita e ele é estourado.”

 

Minha mãe várias vezes tentou me alertar, mas eu a ignorava completamente. Até os pastores, chegou uma época em que eles falaram que era melhor não nos casarmos.

 

Nada disso adiantou. Acreditávamos que, quando estivéssemos casados, um milagre iria acontecer, que nosso relacionamento iria melhorar, que “Deus iria dar um jeito”.

 

Hoje eu sei que têm coisas que não cabem a Deus fazer, elas são nossa responsabilidade.

 

Ela era uma compradora compulsiva, nós não tínhamos dinheiro, vivíamos endividados, muito além do que nossa condição financeira suportava.

 

Eu estava sempre mudando de emprego, porque não conseguia me encaixar por muito tempo em um lugar. Quando eu percebia que eu não tinha valor ou futuro ali, pedia demissão e, logo, começava em outra empresa. 

 

Abri meu segundo negócio: virei representante comercial de triciclos de carga e, advinhe…

 

…DUROU 7 MESES! 

 

Ela não entendia isso e vivia repetindo frases, como:

 

“Eu tenho vergonha de falar de você para as pessoas. Você vive mudando de emprego”

 

“Eu não vejo a hora de ter uma casa boa. Essa casa é nojenta.”

 

Quando ela passou em um concurso público, as frases pioraram, como:

 

“Não vejo a hora de você receber mais do que eu, de você pagar todas as contas da casa pra eu poder gastar todo o meu dinheiro no shopping”

 

“Eu ganho mais do que você, você é um fracassado”

 

Eu me sentia um verdadeiro bosta e, para piorar, logo após fracassar com os triciclos, aconteceu…

A SITUAÇÃO MAIS HUMILHANTE DA MINHA VIDA

Poucos dias depois, fiz uma entrevista de emprego para ser vendedor de carros usados em uma concessionária da Ford.

 

Eu estava feliz e iniciei na empresa. Desde o primeiro dia eu já senti como seu eu não fosse bem vindo ali. Os vendedores me olhavam com a cara virada…

 

Eu era excluído das panelinhas, mas tudo bem, eu era novo ali. Achava que, com os dias, a situação melhoraria. Achei errado!

 

Os vendedores ficavam fazendo piadinhas a meu respeito pelos cantos (até hoje eu não sei quais), eu os via olhando para mim e fazendo cochichos uns com os outros e dando risadinhas de cantos de boca. Isso nunca tinha acontecido comigo, em toda a minha vida.

 

Era um ambiente extremamente hostil. Para piorar, não sei por quais cargas d’água, em 45 dias do meu contrato de experiência, eu só consegui vender um único carro.

 

O gerente, Ubirajara, me chamou em sua sala e, com um olhar de profundo desprezo, na frente de outros 2 vendedores me disse:

 

“Você mentiu para mim. Quando te contratei, você me disse que era um vendedor, mas você não é um vendedor, você não sabe vender. Passe no RH e assine a sua rescisão, não vou renovar seu contrato de experiência por mais 45 dias.”

 

“Bira, por favor, me dê mais uma chance, eu PRECISO desse emprego. Eu prometo que vou melhorar minhas vendas. Eu não posso ser demitido agora.”

 

Ele, sem demonstrar nenhum tipo de misericórdia, me mandou me retirar da sala.

 

Saí dali arrasado. Era uma tarde, logo após o almoço. Chorei caminhando na calçada…um sol escaldante…

E, Ali, Naquele Dia, Eu Decidi Que Seria O Profissional Mais Foda Da Minha Área!

Nunca mais eu passaria por uma humilhação como aquela novamente. Telefonei para minha esposa e, como de praxe, fui humilhado mais um pouco.

Até hoje eu sou obstinado com meu trabalho. Eu não quero apenas estar entre os melhores…EU QUERO SER O MELHOR! Não por querer me colocar como superior a ninguém, mas porque eu prometi para mim mesmo que nunca mais passaria por aquilo.

Dois anos após estarmos casados, ela abandonou o barco, parou de ir à igreja comigo e começou a viver sua própria vida.

 

O pastor dizia que [QUEM SEPARA VAI PRO INFERNO]…[A RESPONSABILIDADE DO CASAMENTO ESTAR BEM É 100% DO MARIDO]…

 

E eu, por medo de ser condenado por Deus, aguentei essa situação por mais 3 anos.

 

Ela teve casos com pessoas do trabalho dela e eu era “COAGIDO” a perdoar e continuar com ela. Afinal, se Jesus perdoou a humanidade, eu, como marido, deveria perdoá-la.

 

Um dia ela me disse:

 

“Sabe, Fred? Eu tenho atração sexual por homens poderosos, por homens que têm poder…e você…não tem poder algum…você é só mais um.”

 

Se imagine no meu lugar. 5 anos vivendo em um ambiente hostil, escutando humilhações diariamente e, ainda, escutando de seus “líderes espirituais” que você deve permanecer firme, senão vai pro inferno.

 

Relação sexual era de 2 a 4 vezes ao ano. Às vezes, passávamos uma semana sem nos falar, debaixo do mesmo teto.

 

A minha maior lembrança dessa época é a de acordar umas 06h da manhã e orar todos os dias. Eu chorava muito e perguntava para Deus até quando eu teria que aguentar aquela humilhação.

 

Algumas vezes pedi para Deus tirar minha vida, outras, pedi para tirar a vida dela.

 

Já, já eu conto como eu decidi colocar um fim nesse inferno, mas antes disso, você precisa conhecer o meu terceiro empreendimento…

O NEGÓCIO QUE DEU CERTO

No casamento eu engordei muito e, um dia, devido à uma discussão nossa eu resolvi emagrecer. Foi assim que, em 2011, eu me envolvi no mundo fitness de cabeça.

Fiquei vidrado com tudo aquilo, com o poder da alimentação, da musculação e como os suplementos poderiam potencializar meus resultados.

 

Em 2013, já como gerente regional da EasyTaxi…

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…e estava decidido que era hora de empreender, de ter um negócio de verdade. Só tinha um problema: eu não tinha grana!

 

Comecei a falar para todo mundo que eu estava abrindo uma loja de suplementos. Quando me perguntavam quando ou onde era, eu dizia que seria em breve.

 

A verdade é que eu não tinha nada, somente uma ideia, mas como eu sei que “a palavra” tem muito poder, isso é um princípio espiritual, eu estava falando.

 

Certo dia, não me pergunte como, uma pessoa me perguntou quanto eu precisava para abrir a minha loja…e eu respondi, sem nunca ter feito uma conta, que era uns R$30 mil. Ele disse que tinha esse dinheiro pra me emprestar e que seria o meu sócio investidor.

 

Foi assim, que eu abri um CNPJ, usei o resto para comprar suplementos, um domínio, uma plataforma de e-commerce e iniciei a BIG FIELD SUPLEMENTOS.

 

 Nos primeiros 6 meses, para não pegar dinheiro da loja, eu fazia entregas de pizza à noite, na Pizzarela…

…e eu estava bem feliz por minha loja estar crescendo.

 

Foi assim que, com muito esforço e ralação, eu consegui fazer a loja crescer.

De Volta Ao Casamento

Nessa fase, o meu casamento já era uma ruína por completo. Estávamos entrando no quarto ano de casados.

 

Essa loja foi um presente que Deus me deu, pois foi através dela que eu comecei a resgatar o homem que já tinha se perdido dentro de mim.

 

Comecei a perceber que as pessoas me respeitavam, me tratavam com admiração. Eu percebia que muitas mulheres me olhavam como um bom partido.

 

Ao mesmo tempo, em casa eu era tratado como um lixo e comecei a perceber que algo não estava certo com aquela situação.

 

No último ano de casado, eu já dormia há 7 meses no sofá da sala. Ali era o meu quarto. Eu só não me separava por medo de ser condenado. Quanta estupidez…aquela vida já era uma condenação…aquilo ali já era o próprio inferno.

Foi Quando Eu Decidi Colocar Um Basta Naquilo

Um dia eu acordei, procurei um amigo advogado e disse que queria me divorciar. Ele preparou os papéis e, no outro dia, eu só avisei que queria o divórcio.

 

Ela ficou maluca, se sentiu extremamente ofendida. Afinal, como poderia um lixo estar dando o pé na bunda dela. Disse que iria brigar na justiça pelos bens e eu simplesmente falei que ela poderia ficar com tudo, eu não queria nada.

 

Assim foi feito. Deixei ela com casa e carro. Eu preferi ficar com minha paz e, até hoje, sei que foi a melhor decisão. De 2008 até 2015, foram 7 anos de turbulência até eu tomar a coragem de decidir me divorciar.

 

Falei com Deus:

 

“Senhor, se eu for para o inferno por causa disso, eu peço que tenha misericórdia. Eu já não aguento mais…a minha vida é um pedaço do inferno”

 

Hoje eu sei que Deus nos ama demais e que o seu amor está acima de todas as coisas. Mas tudo isso serviu para o meu crescimento.

 

Nesse meio tempo, uma nova loja de suplementos estava se destacando na cidade e eu resolvi visitá-la, me apresentar ao proprietário, fazer aquela política da boa vizinhança, estreitar laços.

 

Entrei na loja e uma moça linda veio me atender. Eu disse que era dono da Big Field Suplementos e, imediatamente, sem eu ter nem tempo de continuar minha fala, a sua feição mudou por completo. 

 

Com o nariz empinado..

Sobrancelha altiva…

Um olhar fulminante…

Cheia de tatuagens espalhadas pelo corpo…

Aquela moça cheia de marra (Adeise era o nome dela) solta a pergunta:

 

“E o que você quer na minha loja?”

 

No próximo e último capítulo, você saberá como essa história acaba e como eu me tornei um Copywriter.

 

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